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FROM THE WALL STREET TO THE WESTERN WALL

Durante o ultimo ano, temos passado por uma crise que parece se intensificar mais a cada dia. Companhias centenárias desaparecem não deixando pistas sobre sua existência. Como Judeus, e frutos de uma nação milenar, o que devemos aprender sobre esta crise, e como explicamos nossa perpetuação quando vemos o nível de fragilidade da civilização.

Depois de anos empenhados em estudos religiosos, minha carreira começou a ser traçada durante meus primeiros cursos de micro e macro economia em Johns Hopkins University. Subsequentemente, apos me formar no MBA em International Business e Finanças Internacionais, segui meu destino ao mercado financeiro.

 

Naquela época ainda se estudava algo que hoje virou antiga teoria da elasticidade dos preços, onde a necessidade da demanda reflete o preço da oferta e que no mundo existe a natureza de “recursos limitados para necessidades ilimitadas”. Estas teorias apesar de serem plausíveis por seus estudiosos, varias vezes durante a historia do mercado, estas são esquecidas e investidores passam a acreditar que preço não depende de demanda e que o consumo continuara a existir apesar de que os preços estejam alem dos recursos dos consumidores.

 

No final da década de 90, os Hedge Funds se sobressaíram pela capacidade de produzir resultados fenomenais, pois tinham uma ferramenta que os fundos mútuos convencionais não tinham: a capacidade de extravasar suas posições e ofertar produtos a preços não reais, o que levou a resultados estrondosos em um momento que uma nova era nascia: o “Tech Bum” mais conhecido como a bolha do Nasdaq. A natureza mostrou ao homem que as teorias tão básicas da economia têm fundamentos essenciais e que jamais podem ser ignorados.

As lições do mercado, porem, não bastaram. Após menos de uma década de uma das maiores “bolhas” da historia, o mercado com o auxilio de provedores de credito, seguiu ao rumo da segunda bolha do milênio em apenas uma década: A bolha do mercado imobiliário Americano que ficara recordado na mente de todos que vivenciaram e estarão nos livros de economia para aqueles que ainda virão.

Uma breve retrospectiva histórica nos auxiliara absorver um dos maiores ensinamentos da natureza, a fragilidade humana quando seus princípios ficam atados a certos preceitos materiais.

 

Tudo começou durante a recuperação da crise de 2000 a 2002 onde os juros Americanos despertou a força consumidora de um Pais cuja economia é gerada pela forca do consumismo. Esta natureza terá sempre a tendência de criar um bolha pois se a felicidade de um cidadão e centralizada no poder aquisitivo de luxos materiais, há um tendência exuberante de encontrar caminhos convencionais para driblar a limitação de recursos mencionados acima.

 

Este caminho convencional se abriu de maneira mais abrangente quando o custo do dinheiro ficou tão barato que as pessoas deixaram de medir quando o empréstimo poderia ser pago e a questão virou quanto de juros a familia poderia acatar no mês. Um pais que já sofria de tendências materiais se tornou um pais onde não havia fronteiras nem limitações nos recursos, criando uma enorme ilusão, uma realidade distorcida.

Porem, no dia 5 de Marco de 2007 a realidade da fragilidade humana bateu na porta com o anuncio do HSBC Holdings Plc, o maior banco Europeu dizendo que o mercado imobiliário Americano estaria instável e se encontrava numa situação negativa o que poderia ser prejudicial aos resultados extraordinários que as companhias Americanas estariam tendo ate então. Logo após veio o anuncio do Chairman Stephen Green dizendo que o departamento que lida com subprime, ou empréstimos de baixa qualidade, sofrera significativamente enquanto o banco tentava controlar as perdas resultada desses empréstimos.

 

Apos este anuncio histórico a realidade veio a tona e logo apos, no dia 2 de Abril de 2007 a primeira falência foi anunciada pelo New Century Financial Corp, resultantes do aumento de inadimplência do setor imobiliário.

Desde entao foi “ladeira a baixo”: Julho 19, 2007: Dois Hedge Funds Bear Sterns que investiam em pacotes de empréstimos imobiliários de clientes de baixa renda e histórico de credito avisaram que não sobrou nada em seus fundos dos $1.6 bilhões de dólares investido. No mesmo dia FED CHAIRMAN Bem Bernanke avisou o senado de que a estimativa de perdas associadas a esta linha de empréstimos poderia chegar a $100 bilhões de dólares. Naquela época, este anuncio foi visto como um exagero ou como diziam os analistas: “o FED esta playing safe”.

Porem, muito rapidamente, os $100 Bilhões começaram a parecer aperitivo diante da onda de inadimplência e falências e logo dia 9 de Agosto de 2007 o BNP Paribas AS, o maior e mais bem conceituado banco Francês, proibiu o saque em 3 de seus maiores fundos de investimento por falta de liquidez relacionado a produtos estruturados ao “subprime”.

 

Este choque não foi tão grande comparado ao anuncio do maior banco de financiamentos residenciais dos EUA no dia 22 de Agosto, Contrywide Financial Corp, anunciando a venda $2 Bilhões em ações preferenciais ao Bank of America para melhorar suas finanças. Vale a pena lembrar que 11 de Janeiro de 2008, o Bank of América comprou toda a instituição por $4 bilhões de dólares.

Porem com todo o ocorrido, no dia 9 de Outubro os investidores ainda acreditavam que a ganância material do consumidor Americano pudesse causar uma recuperação mais rápida que outras crises do passado e o mercado de ações marcou um recorde pela segunda vez no mês logo apos um pronunciamento do FED acalmando os investidores sobre os medos de uma recessão nos Estados Unidos. O índice Dow Jones fechou a $14,164.53.

 

Porem, a realidade de que nossa grandeza material e de que o poder estava nas mãos do grandes dirigentes das grandes companhias começou a desmoronar como um castelo de cartas e  apenas duas semanas apos o recorde no mercado financeiro, no dia 30 de Outobro a Merril Lynch, que completara 93 anos de existência, reporta uma perda de $2.24 bilhões ou 6 vezes maior do que o esperado pelos analistas causando a expulsão de Stan O’Neal do cargo de Chefe Executivo da companhia. Um ano depois a quase centenária companhia deixa de existir de maneira independente com o anuncio do dia 15 de Setembro de 2008 onde o Bank of América anuncia a compra da Merril Lynch por $50 bilhões de dólares.O mesmo acontece com outro grande dirigente desta vez do Citigroup quando no dia 4 de Novembro Charles Prince anuncia que sua exposição ao risco subprime era maior do que o imaginado causando sua demissão do cargo de Chefe Executivo da companhia.

 

De repente o sentimento de fragilidade começa a surgir efeito nas ruas e o durante o pânico, no dia 14 de Marco de 2008 quando investidores começaram a sacar dinheiro do Bear Sterns que teve de ser socorrido com fundos federais e com fundos do JPMorgan Chase. Dois dias depois o JP Morgan anunciou a compra do Bear Sterns por 7% do valor de mercado do fechamento do dia anterior com participação especial dos órgãos federais. A operação se completou 31 de Maio onde Bearn Sterns fundado em 1923 deixou de existir.

 

Este movimento foi seguido pelo Lehman Brothers Holdings, o quarto maior banco de investimento dos Estados Unidos que no dia 15 de Setembro de 2008, anunciou a maior falência da historia Americana e apenas 1 dia depois foi a vez do Washington Mutual (WAMU) decretar sua falência  apenas a uma semana do que seria seu aniversario de119 anos de existência. Todos os grandes nomes das “sólidas” companhias americanas foram abaladas e nomes como Wachovia, Fannie Mae, Fraddie Mac, Golsman Sachs, Morgan Stanley e outras foram tremendamente afetadas. Allianz SE’s Dresdner Bank, HBOS Plc, Fortis, Unibanco e outros estão na lista dos bancos internacionais que provaram que Europa e Latino América não sairiam ilesos.

Ate mesmo a tentativa de Abril de 2008 onde o Governo distribuiu $168 bilhões de dólares aos Americanos na tentativa de estimular a economia não teve sucesso.

 

Como se conformar com esta nova realidade? Será que a felicidade e inatingível durante uma crise como a em que estamos vivendo?

Nos livros sagrados aprendemos preceitos fundamentais sobre a felicidade humana. O termo felicidade não pode existir se for dependente de outras variáveis que estão fora de nosso controle. O Rav Eliahu Dessler em seu livro Michtav Meeliahu nos ensina que os pobres acreditam que os ricos são felizes por terem o materialismo ao sei dispor, os ricos por sua vez acreditam que os pobres são felizes por não terem a preocupação de administrar propriedades, crises nos investimentos, imposto de renda, variação cambial e etc. Onde esta felicidade estaria então?

 

Com a queda do Bearn Sterns mencionada acima, muitos gerentes de fundos perderam seus empregos. Entre eles estava um renomado analista de mercados Andrew Neff que hoje se destaca como autor do livro: “From Bear Stearns to Bava Metzia”. Andrew Neff trabalhou como analista por 20 anos e se deparou com um choque que abalou o mundo quando sua companhia desapareceu depois de mais de 85 anos de existência. O que seria considerado um trabalho seguro em uma companhia sólida desapareceu do dia para noite. Depois de recusar uma proposta de trabalho no JP Morgan, Andrew Neff decidiu entrar na Yeshiva Guedola de Teaneck – Nova Jersey. Andrew Neff acreditava que ele era um homem feliz com projetos agendados ate 2010, salário e bônus que lhe mantinha um padrão de vida confortável, no entanto, em um piscar de olhos, ele descobriu que isso tudo não tinha valor. Ao invés de optar pelo desespero Andrew Neff decidiu encontrar onde a felicidade realmente poderia estar e viu na falência de sua companhia a mão Divina lhe indicando quem realmente tem o controle do mundo.

 

Meu Rabino, Rabbi Frand mencionou algo comovente em sua famosa aula que antecede Yom Kipur. Uma pessoa lhe ofereceu carona e começou a contar sobre sua vida. Este homem era um estudioso da Tora e depois de anos de dedicação ele resolveu procurar seu sustento em Wall Street. Ele se tornou um grande administrador de Hedge Fund e vivia uma vida de luxo. Porem, neste ano de 2008, seu Hedge Fund devido a situação do mercado, perdeu praticamente todo seu valor e o que restou teve de ser dividido entre os investidores. Durante sua analise histórica este sujeito olhou no rosto do Rabbi Frand e disse: “Eu tinha um grande amigo que estudava Tora comigo. Quando eu decidi sair a procura de uma vida material melhor, meu colega decidiu se aprofundar mais nos estudos se tornando um grande estudioso e sábio da Tora. Hoje minha conta bancaria tem um saldo parecido com a dele, nossa diferença é que ele tem em suas mãos dezenas ou centenas de livros estudados e eu não tenho nada.”

 

O Pirke Avot, Ética dos Pais, nos ensina este segredo que o amor que depende do dinheiro, quando acaba o dinheiro, o amor acaba junto. Nossos sábios aprendem deste principio que a felicidade que depende do dinheiro, também desaparece junto ao dinheiro. 

Todos os grandes analistas do mercado estão dizendo que um acontecimento como esse em que estamos, só acontece uma vez a cada centenas de anos. Deveríamos nos perguntar então por que nossa geração esta sendo escolhida para passar por este aprendizado? O que fizemos de errado e onde estará a solução? Somente um guia criado pelo próprio criador do Universo, nos seria útil para conseguirmos entender todas as perguntas.

Os sinais óbvios da fraqueza daqueles que acreditavam que o poder financeiro seria a garantia de uma vida feliz, deveria nos servir de lição que a vida precisa de uma base mais sólida do que as bases que vem estruturando famílias nos últimos anos.

 

A grande vitória de Hanuka não foi o fato de um azeite ter ficado aceso mais tempo que o normal, mas a vitória da essência Judaica. Os Romanos não tinham interesse político na guerra contra os Judeus, era uma disputa religiosa. Os fundamentos religiosos Romanos de que o materialismo deveria ser o pilar de uma familia não conseguiu apagar as chamas da Menora. O princípio Judaico de centralizar a vida no estudo da Tora e o serviço a D’us é o grande segredo de como a luz da Menora se manteve acessa mesmo contra as leis da natureza e o segredo de como os Judeus conseguiram sobreviver por tantos milênios enquanto grandes civilizações que dominaram o mundo são recordadas apenas através de museus e ruínas.

Que o mérito de nossos fundamentos continue perpetuando nossa existência.

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Escrito por André Roitman vice presidente de prived investiment do Banco Leumi (miami)

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